Como evitar o roubo de uma senha ao usá-la?
Passado, presente e futuro das senhas
As senhas têm desempenhado um papel fundamental na segurança há séculos, desde a proteção de fortalezas físicas até a proteção de informações confidenciais. Elas percorreram um longo caminho desde suas origens antigas até se tornarem ferramentas de segurança essenciais na atual era digital, e as senhas provavelmente continuarão sendo um método de autenticação importante no futuro próximo.
As senhas na história
As senhas, em suas várias formas, têm sido usadas por civilizações antigas há milhares de anos para proteger locais sagrados, identificar amigos e aliados, controlar o acesso a informações confidenciais e proteger a propriedade privada.
Muito antes dos computadores, as senhas eram usadas em sua infância para proteger locais físicos. Os guardas dos portões das cidades ou os sentinelas dos campos militares usavam senhas secretas para identificar amigos e inimigos. As senhas geralmente eram, por exemplo, palavras ou frases secretas conhecidas apenas pelos guardas e pelas pessoas autorizadas a entrar em um local. Essas senhas eram transmitidas oralmente, muitas vezes de geração em geração, e eram mantidas em segredo para evitar que caíssem em mãos inimigas.
As senhas também eram usadas para proteger informações confidenciais, como planos militares, estratégias diplomáticas ou segredos de Estado. Somente indivíduos de alto escalão ou com a devida autorização podiam saber as senhas para acessar essas informações. A divulgação dessas senhas poderia ter consequências graves, inclusive a pena de morte. Um exemplo notável é o uso de documentos criptografados e senhas na antiga Mesopotâmia para proteger registros comerciais e tratados diplomáticos.
Em alguns casos, as senhas não eram apenas palavras, mas também frases, combinações de sons ou até mesmo sinais, ou gestos pré-estabelecidos. Esses sinais podiam ser tão simples quanto acender uma tocha em uma torre específica ou tocar uma melodia específica em um instrumento. Ocasionalmente, objetos físicos eram usados como senhas. Esses objetos podiam ser moedas ou fichas com marcas, ou símbolos específicos. Ao apresentar o objeto correto aos guardas, a pessoa podia provar sua identidade e obter acesso ao local protegido.
Mesmo na mitologia grega, sua importância é registrada e a história do Minotauro e do labirinto de Creta é um exemplo famoso. Ariadne, filha do rei Minos e de Pasífae, deu a Teseu uma corda como senha para encontrar a saída do labirinto após derrotar o Minotauro. Outro exemplo é o roubo dos tesouros de Micenas, em que, conforme a a mitologia grega, o herói Tíndaro roubou os tesouros do rei Euritião de Micenas usando uma senha secreta. Diz-se que Tíndaro seduziu a filha de Euritião, que lhe revelou a senha como prova de seu amor. Com a senha em mãos, Tíndaro se infiltrou no palácio de Euritião e roubou seus valiosos tesouros.
Em alguns casos, a “senha” não é representada como uma palavra ou frase literal, mas como um desafio, teste ou conhecimento especial que deve ser superado para acessar um local ou atingir um objetivo. Na mitologia nórdica, Valhalla era o salão de Odin, onde se reuniam os guerreiros que haviam caído em batalha. Para entrar em Valhalla, os guerreiros tinham de atravessar a Ponte Bifrost, guardada por Heimdall, um deus com visão e audição excepcionais. Somente aqueles que morriam em batalha com honra e bravura podiam atravessar a ponte e entrar em Valhalla. Nesse caso, a “senha” para entrar em Valhalla não era uma palavra ou frase secreta, mas uma morte honrosa em batalha. No entanto, esses exemplos ilustram como o conceito de proteção por meio de informações secretas ou desafios específicos já estava presente nas narrativas mitológicas, estabelecendo a base para o uso de senhas na história e atualmente.
Seu uso também está presente na religião, com o exemplo notável do Templo de Salomão em Jerusalém, onde se diz que os sacerdotes levitas usavam senhas para acessar as diferentes câmaras e santuários. Ou em eventos históricos e culturais, por exemplo, diz-se que Joana D'Arc recebeu uma senha secreta do rei Carlos VII para entrar na cidade de Orleans durante o Cerco de Orleans em 1429. Em outro exemplo, em 1160, durante a Guerra Civil Inglesa, o Castelo de Tamworth, uma fortaleza estratégica em Staffordshire, foi capturado por forças rebeldes lideradas por Robert de Beaumont. Diz-se que os rebeldes conseguiram entrar no castelo usando uma senha obtida de um traidor dentro da guarnição. A queda do Castelo de Tamworth foi um golpe significativo para as forças do Rei Henrique II e marcou um ponto de virada na guerra.
Com o surgimento da guerra moderna, as senhas tornaram-se essenciais para proteger informações confidenciais, como planos de batalha, estratégias militares e dados de inteligência. Com a introdução de computadores e sistemas de informação nas forças armadas, as senhas se tornaram o principal método de autenticação de usuários e de controle de acesso a dados e sistemas. Atualmente, as senhas também são usadas para proteger as comunicações civis e militares em canais de voz e dados.
Senhas na era digital
Na década de 1960, com o crescimento dos sistemas de computadores compartilhados, surgiu a necessidade de proteger os dados dos usuários. Atribui-se a Fernando Corbató, do MIT, a criação das primeiras contas de usuário protegidas por senha. E, na década de 1970, Robert Morris inventou o hash, uma função que transforma as senhas em cadeias de caracteres únicas, tornando-as difíceis de serem decifradas. Logo depois, Morris e Ken Thompson criaram o “salting”, um processo que adiciona dados aleatórios às senhas antes do hash, aumentando ainda mais a segurança.
Com o avanço da tecnologia, as senhas se tornaram a base da segurança de uma grande variedade de sistemas, desde computadores pessoais até serviços bancários on-line e comércio eletrônico. No entanto, o aumento da dependência das senhas também trouxe consigo novas ameaças. Os hackers desenvolveram métodos para decifrar senhas, como ataques de força bruta e técnicas de phishing. Em resposta a essas ameaças, várias medidas foram desenvolvidas para fortalecer a segurança das senhas, como a autenticação multifatorial (MFA), o uso de senhas mais complexas, a biometria e a implementação de gerenciadores de senhas.
As senhas têm percorrido um longo caminho desde suas origens antigas até se tornarem ferramentas de segurança essenciais na era digital. Embora sua simplicidade as torne fáceis de usar, isso também as torna vulneráveis a ataques sofisticados. É por isso que a evolução contínua das práticas de segurança e a adoção de novas tecnologias são cruciais para proteger nossas informações e nossa privacidade no mundo digital. As senhas têm sido e continuarão sendo uma ferramenta fundamental para a segurança. À medida que a tecnologia evolui e as ameaças se tornam mais sofisticadas, é fundamental implementar práticas de segurança robustas e adotar tecnologias inovadoras para proteger seus sistemas e dados confidenciais.